domingo, 14 de fevereiro de 2010

Um nó na cabeça de duas páginas :s

Deram-me 12 meses para entregar um trabalho… Falta menos de um mês para a entrega e claro que não tenho nada feito! Não sei se é por isso ou por hoje por ter bebido alguns 3 ou 4 litros de água, mas tenho aquele sentimento de confusão durante e pós-bebedeira, que ora não sabemos o que pensamos, ora sabemos… Simplesmente mudamos de opinião a cada 5 segundos!
A verdade é que um dia que tinha tudo para ser óptimo (sozinha em casa para mim é sempre um alívio), não foi mais do que mais um dia em que a minha cabeça deu nó! Espero que seja da TPM (nem acredito que acabei de dizer isto) pois se não for, não sei como vou fazer um trabalho exaustivo sobre um tema que tem como variáveis importantes, dois temas que têm um efeito tremendo em mim! E não é pela positiva!

CHORAR:
Existem duas razões para um bebé chorar: para comunicar uma necessidade/desconforto ou apenas “porque sim”… O primeiro é fácil de perceber: fome, frio, dor, etc… A segunda razão é mais difícil de compreender pois acontece mesmo depois das necessidades básicas estarem todas satisfeitas, ou seja, acontece devido a questões emotivas.
Resumindo bem esta teoria, os autores defendem que as crianças são muito vulneráveis e podem-se sentir frustradas e serem emocionalmente muito sensíveis como consequência de um acumular de experiências stressantes – e são as lágrimas que ajudam a restaurar o equilíbrio químico do corpo após um estado de stress.

TOCAR:
O primeiro sentido a desenvolver-se (e o mais importante) é o tacto e cada vez mais existem provas irrefutáveis sobre os benefícios do toque e a importância do mesmo para a criação de ligações entre seres e o consequente desenvolvimento da personalidade social.
Num outro artigo que li, dizia-se que “os novos pais precisam de tocar muito nos seus bebés. Isso, tocar-lhes só porque é importante tocar-lhes. E não só quando é preciso mudar-lhes as fraldas. E não só quando o bebé chora. Não são precisos pretextos para tocar no bebé. Vá ter com o bebé, pegue-lhe ao colo e abrace-o – porque sabe bem fazê-lo.”

Isto fez-me pensar – e como não penso em nada ou faço um batido de pensamentos e teorias… Puf! A minha cabeça deu mais uma vez um nó!
Ler todas estas coisas fez-me pensar em coisas da minha vida, personalidade, atitudes e comportamentos…
Será que todas estas teorias são mesmo verdade? Será que é tudo assim tão taxativo? Será que eu consegui algumas explicações? Será, será, será…
A verdade é que cedo deixei de ser uma pessoa de toque (reza a lenda que eu não era nada assim, muito pelo contrário) – e fi-lo de forma drástica! Durante muitos anos, e sempre que possível, rejeitei qualquer toque, proximidade, intimidade, beijo… Mesmo sendo rapariga, muitas vezes cumprimentava apenas com um aperto de mão ou uma “palmada nas costas”.
Da mesma forma, reza a lenda que quando era bebé de vez em quando davam-me uns ataques de choro… Mas mais ou menos na mesma altura que deixei de tocar, também deixei de chorar!
Ambas as situações aconteceram, salvo raras excepções, durante cerca de 10 anos, mais coisa menos coisa… Sinceramente, acho que se não tivesse conhecido meia dúzia de pessoas e, principalmente, ter entrado no curso que actualmente frequento (e que virou a minha do avesso mas que também me impôs uma maior proximidade com o corpo do próximo), muito provavelmente ainda seria a mesma rapariga “durona” que durante muito tempo fui!
Mas tal como já por aqui disse algures, não sou o que era, mas também ainda não sei o que sou… Passo os dias num misto de controlo, distanciamento, “aparente insensibilidade e frieza” com envolvimento, proximidade e demonstrações de afecto – que raramente as sei fazer da melhor maneira! Mas também não as fazia e ninguém me ensinou a fazê-las… E habituei-me a viver sem me ligar verdadeiramente a algo ou alguém, até porque, mais cedo ou mais tarde, tudo tem um fio… Um dia as coisas mudam… Mas esse dia ainda não chegou, pelo que as barreiras não devem ser tiradas e as excepções não devem ser generalizadas.
Talvez por isso me considere uma pessoa com uma tolerância enorme para o que vai acontecendo, mas também com paciência reduzida quando as coisas me começam a fazer “comichões”… Mesmo assim, vou enchendo, e enchendo, até que, de um momento para o outro, expludo!
Hoje em dia, essa explosão acontece, muitas vezes, sobre a forma de uma imensa necessidade de chorar e de me enraivecer! Às vezes, com tudo e com todos! Umas vezes dura meia dúzia de lágrimas, outras vezes dura dias seguidos… Mas normalmente acaba sempre num sentimento de grande calma e “bora lá prá frente” – talvez seja esta a forma que, inconscientemente, encontrei para libertar as minhas “dores emocionais” causadas por algumas experiências que tenho tido nos últimos tempos…
Talvez sejamos mesmo todos iguais, independentemente de tudo – e incluindo a idade nesse tudo – talvez sejamos apenas seres que teimam em auto-intitular-se “seres desenvolvidos” quando, na verdade, desenvolvidos estamos todos… A nossa consciência – de nós, do próximo, dos outros, do que nos rodeia… – é que estagnou na maioria dos casos, muito provavelmente devido à recusa dos nossos estados e condições “primitivas”.
Talvez, talvez, talvez… O que eu sei é que hoje só queria alguém que me desse atenção, que conversasse um bocadinho comigo para depois me abraçar e, se necessário, deixar chorar à vontade – e eu iria alcançar, nem que fosse apenas até amanhã de manhã, uma sensação de segurança e calma…
Não tive ninguém, mas tive-me a mim… Há quem me acuse de ser individualista, ter problemas de ego, achar que só preciso de mim… Mas já alguém disse um dia, as mãos em que mais podemos confiar são aquelas que vemos nas extremidades dos nossos braços…
Parece contraditório a tudo o que disse anteriormente, mas começo a aprender a chorar e tocar para mim e em mim… E o dia está quase aí… E acho que vou dormir calma e serena…
E hoje vai ser um dia lindo.

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