segunda-feira, 28 de abril de 2008

Palavra ou Silêncio?

Qual é o poder da Palavra? E qual é o poder da ausência da Palavra? O que é a Palavra?

Palavra - do Lat. parabola <>parabolé, alegoria, parábola

s. f., som ou conjunto de sons articulados com uma significação; termo; vocábulo; o dom da fala; elocução; afirmação; ensinamento; doutrina; promessa verbal; concessão para falar; que não escrito.

in www.priberam.pt

Se as palavras que dizemos não são mais do que conjugações de sons articulados com uma significação (significação essa que pode variar de sujeito para sujeito... Mas isso daria matéria para outro post), porque razão damos uma importância tão grande ao que dizemos e, principalmente o que os outros nos dizem a nós?
Há ainda aquela teoria (que eu tanto ouço graças aos meus olhos expressivos - pelo menos é o que dizem! eheheh) que diz que 80 ou 90% da nossa comunicação é feita através do nosso corpo e não das nossas palavras.

Ok, mudemos então de perspectiva... O importante não é a Palavra! Esta não é senão um som proveniente da nossa boca, supostamente, depois de ter sido pensada e raciocinada pelo nosso cérebro. O importante é a nossa linguagem não verbal, e não é aquela que pensamos tal como pensamos a Palavra, não é aquele sorriso falsamente espantado ou o cruzar de pernas na hora certa e da forma exacta... É a linguagem que o nosso corpo emana ao próximo, muitas vezes, sem o próprio ter consciência dela... Muitas vezes nem o próximo tem consciência do que lhe foi fisicamente dito!
Bom, esta não poderá então ser a forma mais eficaz ou poderosa.

Como nãosesa que sou, mudemos mais uma vez de perspectiva. Não será o Silêncio a forma mais poderosa? Um Silêncio absoluto não diz nada, é desprovido de palavras, de actos... Para o próximo o Silêncio é nada... Mas como um nada pode ser tão forte! O que é o Silêncio de um olhar apaixonado? Ou o de uma filha quando a mãe só lhe pede para explicar porque chora? O Silêncio ao vermos os primeiros passos de uma criança? Ou o de um médico numa sala de espera de hospital?

Será que não damos demasiada importância à Palavra? Esta até pode ser apenas fruto do calor do momento... Ou do frio do mesmo. Pode até ser falsa e mentirosa...

Um Silêncio é sempre mais sincero. Ninguém fica em Silêncio se assim não quiser (nos dias de hoje só não comunica quem não pode por alguma limitação física, ou estarei enganada?!?). Ora, então, um Silêncio tem de ser sempre mais verdadeiro e simultaneamente mais racional...
Deve ser por isso que o Silêncio é mais gratificante que uma Palavra calorosa e mais doloroso que qualquer Palavra brusca... Será que depois de pensar nisto, a frase "para dizeres isso mais valia estares calado" não ganha outro sentido?

Para mim ganhou... Mas se calhar temos que passar pela situação estranha de preferir ouvir o que não gostávamos de ouvir, a não ouvir nada...

Por vezes, dava-se tudo por uma Palavra... Mas uma imagem vale mais do que mil palavras (mil é mais do que uma)... No entanto um Silêncio pode dizer tudo (e tudo é mais do que mil)!

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Principezices...

Não sei se é por ter andado a ler os blogs do meu Ed se quê (sim, porque em dois dias eu li os seus 2 blogs), mas voltei a sentir vontade de escrever...
Não que isto seja habitual em mim ou de muita dura. Aliás, quem me conhece sabe bem que eu não tenho propriamente o dom das palavras... pelo contrário diria mesmo... mas deu-me e pronto! E quando alguma coisa se me dá, o melhor mesmo é não me contrariarem, e contra mim falo e de grande vexame me encho ao dizê-lo.
Hoje à vinda para o emprego (sim, porque até agora eu tenho literalmente um emprego, e dos bons! Pelo menos para a maioria... Aquela que diz com o orgulho a sair-lhe de todos os seus poros "eu sou (como) funcionário público! Pagam-me para eu não fazer nada"... Ora, meus amigos, quem me conhece, sabe que eu gosto de fazer parte das minorias! Ou melhor, eu gosto é de me distanciar das maiorias, sem que isso signifique necessariamente ser de uma minoria. Como costumo dizer, eu gosto é de ser "especial", percebes o que digo? Se respondeste sim, cuidado! Isso significa que me conheces minimamente, como tal, que passsas tempo comigo. Advirto que isso pode não ser saudável para a tua saúde e bem-estar)...
Continuando ou recapitulando, hoje à vinda para o emprego, tive um pequeno atrofio telepático com uma miúda (dos seus 15/16 anos. Se calhar nem isso, já que agora acho que elas já nascem todas com maquilhagem e unhas de gel e afins) que teimava em olhar para mim e rir-se... Como infelizmente sou perspicaz (oh Jizas! Nunca em outra altura fez tanto sentido eu dizer esta minha habitual frase), ao primeiro olhar percebi que o motivo de tanta alegria e reboliço por parte daquela menina era apenas o livro que comecei hoje a ler. O que não me espantou, pois já sabia que iria ser alvo de olhares de soslaio por parte dos demais... Mas nunca pensei foi que desse para rir tanto...
Limitei-me a sorrir-lhe e mentalmente dei-lhe a minha resposta (espero pelo menos que ela tenha percebido, através do meu olhar de desprezo e indiferença pela criancice do seu comportamento, o bem-estar que sentia comigo mesma e com a minha última escolha literária) que acabou com um pensamento profundo: "Mas tudo são opiniões. E a opinião, para muitos, é como a virgindade... Quem a tem só deseja dá-la ao próximo", pensamento tão profundo que me impediu de controlar um riso silencioso mas rasgado ao olhar para ela...
Mas fora essa profundeza do meu ser, não percebo porque razão existe esse preconceito tão grande em relação a essa grande obra O Principezinho... Ok, eu sei que é um livro habitualmente tido para crianças, mas também todos sabem (??) que é assumido como uma das grandes obras de literatura (chamemos-lhe escrita, para não ferir mais susceptibilidades)! E quantas e quantas vezes não ouvimos citações ou comentários deste livro?
Ao diálogo das amigas à saída do autocarro "-olha-me aquela a ler O Principezinho!!! -Hã? O quê? Não é nada! Aaaahhhh! Não posso! Com aquela idade!" eu respondo... Sim, leio O Principezinho com quase 24 anos, sem vergonha (já que não o "vesti" com uma folha, como tanta gente faz... Sempre me perguntei porquê) e de mente suficientemente aberta para aprender com um livro para miúdos... E assim fiquei a sorrir enquanto elas se riam...
"Então julga-te a ti próprio - respondeu o rei - É o mais difícil de tudo. É bem mais difícil julgarmo-nos a nós próprios do que aos outros. Se te conseguires julgar a ti próprio, és um sábio dos autênticos."
*E ainda só vou no início do livro das lições...

Beijinhos do Principado Não Sei