domingo, 4 de janeiro de 2009

Fénix

Várias vezes, fizeram-me a típica pergunta: “Se fosses um animal, o que serias?” E eu, típicas respostas dei ao longo dos tempos: “Cão, borboleta, cavalo selvagem … golfinho”, cheguei a dizer! Um dia, a mesma pergunta, mas feita noutra altura – certa, talvez – alterou a resposta: “Uma Fénix”!
Pois é assim mesmo que me sinto, me compreendo e me aceito. Assim, e só assim, me faz sentido. Tanto é, que já não consigo sê-lo de outra forma! Por mais que custe, tenho que morrer para voltar a nascer!
Tal como a Fénix, muitas vezes pressinto que algo de mau (ou menos bom) vai acontecer, sinto o cheiro de um fim iminente… Mas ao invés de virar as costas ou simplesmente parar, a maioria das vezes é quando sinto maior vontade de me lançar! E atiro-me de cabeça a esse encontro! E tento fazê-lo da forma mais certa e corajosa que consigo, porque é inevitável não o fazer! Mas sei também que me atiro já com o medo, tristeza e, por vezes, lamento a multiplicarem-se dentro de mim! Porque sei também que por trás dessa força que me puxa e que é inevitável, e à qual não posso fugir, vem também um fim… Um fim que me vai levar ao meu próprio fim!
E é assim, que de forma assumida e consciente, me coloco em situações perdidas e finais, que me consomem, me ardem e me destroem… E não é por serem conscientes que doem menos ou passam mais depressa, por vezes até custa mais, porque facilmente se pensa (ou ouvimos do próximo) “Sabias que ia ser assim! Porque te atiraste? A culpa é tua e só tu és responsável”.
E é então que eu baixo os braços e paro de lutar… E faço ouvir a minha voz de dor, medo e lamento… Mas posso fazê-lo! Porque tenho esse direito: porque o sofrimento é meu, é real e é sentido! Oh se é! Há vezes que só eu sei como ele é sentido! Mas é necessário, e por mais vezes que se repita, é sempre único – e sempre necessário para, tal como Fénix, sobreviver e voltar a nascer! E a brilhar! Porque por maior que seja a dor, a vida segue o seu caminho! Seja por mim, pelos outros ou pelo próprio curso da vida, mas a vida continua, quer as intempéries sejam escondidas, afastadas ou eliminadas… Mas ela continua e eu continuo com ela.
Sobrevivo por mim e sobrevivo pelos outros! Sobrevivo para mostrar aos outros que é possível! Que todos podemos renascer, basta querer, basta sentir… Não sei onde fui buscar esta força, não sei porque sou assim, nem tão pouco sei quando comecei a fazer isto… A única coisa que sei é que já só consigo ser assim!
Afasto os meus, para depois os ir buscar se assim ainda fizer sentido. Destruo os meus sonhos, para acreditar ainda mais neles a seguir, ou adquirir novos. Mato-me em cinzas para das minhas cinzas me fazer renascer.
E é exactamente aquilo que me consumiu que será a substância que me dará nova vida e uma nova esperança. E é assim, que ao longo destes anos me tornei diferente do que era, mais umas coisas, menos outras… Mas mais segura, mais sábia e brilhante, disso não tenho dúvida!
Sou Fénix… E tudo farei para continuar a sê-lo! Para me reerguer das cinzas, para ter força e coragem para continuar… Para entrar em mais uma das muitas novas fases que ainda me esperam… E um dia entrarei na fase em que serei feliz, ao invés de apenas senti-la... E lá viverei até me consumir e voltar a renascer para uma nova aventura.

2 comentários:

PURO AMIGO disse...

Boa noite
Tambem passeio pelos espaços e como parei e achei interessante o seu espaço, deixo parabens pelo mesmo.
Se permitir voltarei para ver mais.
Comprimentos
Miguel

Sissa disse...

Finalmente, voltou à escrita. E ao sorriso permanente. E à fonte de energia.

Gosto de ti de todas as maneiras. Penso que a amizade é isso.

E gosto muito do texto.

Bjoca